terça-feira, 29 de março de 2011

Ensinar pela Imagem

Hoje em dia o recurso ao uso da imagem no processo ensino/aprendizagem já começa a ser uma realidade pelas vantagens que apresenta, pois a imagem deve ser instrumento de comunicação, de informação, de conhecimento, factor de motivação, de discurso, de ensinamento, meio de ilustração da aula, utensílio de memorização e de observação do real” (Duborgel, 1992).

Apesar deste avanço, existem professores que ainda mostram-se renitentes em utilizar a imagem, pelo facto de pensarem que esta vem substituir o professor e, também, pelo facto de não se sentirem completamente à vontade, pois esta é uma área que os alunos de hoje dominam cada vez melhor.

Aqui a imagem aparece somente com duas finalidades: a motivação e a ilustração.

Um objectivo, senão o mais importante, no uso da imagem no processo ensino/aprendizagem é o facto de o aluno conseguir retirar uma grande variedade de informação. Apesar de conseguir-se retirar bastante informação quando se “lê” uma imagem, muitas vezes esta torna-se numa tarefa bastante complexa, pois a leitura varia de pessoa para pessoa. Temos a tendência de “ler” somente aquilo que nos chama atenção.

Para que o ensino através da imagem seja realizado de forma correcta, temos de seguir algumas regras, das quais se destacam:

Na primeira fase, o aluno, deve observar a imagem sem a interferência do professor;

Na segunda fase, o aluno realiza uma exploração verbal da imagem, através da descrição da mesma. Aqui o professor já intervém através da utilização de esquemas complementares, quando necessário e através de sugestões.

O professor assume, então, um papel de mediador entre o aluno e a imagem. As sugestões e o diálogo por parte do professor revelam ser de grande importância. Sendo assim, a ideia de que a imagem vem para substituir o professor deixa de ter sentido.

Durante o processo ensino/aprendizagem, o professor deve ter em conta o que o aluno já sabe, pois caso isso não aconteça, a assimilação de nova informação não será processada correctamente.

A imagem deve surgir não como uma distracção mas como um complemento de informação. Para que tal não aconteça, cabe ao professor alfabetizar os alunos visualmente, ou seja, deve formar os alunos no sentido de conseguirem retirar a informação correcta das imagens apresentadas. Este é um processo que leva tempo.

Segundo Ortega e Carrillo (1997), “o alfabeto visual constitui uma ferramenta básica da educação perceptiva destes dois pontos: educar para analisar criticamente as mensagens visuais, educar para compor mensagens icónicas ou combiná-las com outras linguagens”.

Para Rodríguez Diéguez; Barrio, et al. (1995), a alfabetização das imagens leva a que os alunos compreendam o seu conteúdo, logo conseguem traduzi-lo em linguagem verbal.

O aluno alfabetizado vai conseguir distinguir na imagem o essencial do acessório, o que ela significa e o que representa.

Um outro ponto importante quando o professor recorre à imagem é a sua leitura. O objectivo da leitura de imagens é “formar o olho exigente para que perceba com exactidão e minúcia “(Vallet, 1977), mas para que isso aconteça, o professor deve ter em conta duas vertentes:

A leitura denotativa (ou objectiva), que consiste na descrição de pessoas, objectos no contexto e localização espacial;

A leitura conotativa (ou subjectiva), que consiste na interpretação da imagem individualmente, ou seja, vai permitir uma leitura própria.

Para Bullaude (1969), existe uma terceira vertente que o professor deve ter em conta, o núcleo semântico da linguagem visual, ou seja, o professor deve ser capaz de consegui retirar da imagem o que é essencial. Uma forma de o fazer é traduzir a imagem em palavras, através do diálogo.

Aparici & García-Matilla (1998) defendem que, só existe uma forma correcta de ler a imagem, através da análise da mesma, pois vai conseguir compreender a ligação entre todos os elementos, e através da leitura subjectiva da imagem. Esta leitura vai ter como base em duas teorias:

A tipográfica, que identifica-se com a leitura normal de um texto. A leitura começa no canto superior esquerdo e termina no canto inferior direito;

A teoria da Gestalt, que através da leitura de um todo, a pessoa vai conseguir centrar-se e retirar o essencial.Por fim, não devemos utilizar a imagem de forma passiva, mas sim utilizar “tal linguagem para conseguir a comunicação”, Taddei (1981: 55).


Fonte: Revista Galego-Portuguesa de Psicoloxia e Educacion

Nº8 (Vol.10), Ano 7-2003

ISSN: 1138-1663

LENCASTRE, José Alberto

CHAVES, José Henrique Universidade do Minho



Um comentário:

  1. Bom dia Helena e Marta!
    Acabo de visitar o vosso blog onde postaram o comentário ao texto da autoria de Lencastre e Chaves e intitulado "Ensinar pela Imagem". Primeira questão: a referência ao artigono final do post está incompleta e isso é muito importante quando se publica na Web, a identificação das fontes é um dos garantes da qualidade da informação apresentada.
    Sobre o comentario em si, está razoalvelmente bem feito embora apresente algumas lacunas na construção do texto e na pontuação. Acho que fizeram uma boa escolha porque imagem é um poderoso veiculo para a comunicação pedagogica e os professores continuam a privilegiar o discurso verbal em detrimento do visual, quando estes se complementam e potenciam mutuamente.
    Falta também uma dimensão reflexiva e critica sobre o texto analisado que é aquele que mais valorizo: o que pensam sobre o que os autores defendem/criticam no seu artigo? Como fazer a "ponte" para o que é a vossa experiência/actividade como docentes? Acham que sabem "ensinar com a imagem"? Porquê um sim ou um não?
    É ai que se faz a diferença, serem capazes de reflectir sobre as práticas...
    Abrao
    CC

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